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  • Luna Ribeiro Campos

FLORA TRISTAN, UMA PIONEIRA EM MOVIMENTO


Les belles femmes de Paris et de la province, 1839

bell hooks, no livro Ensinando a transgredir, se refere a um episódio vivenciado por ela quando um colega branco, ao ouvir falar que ela oferecia um seminário sobre Toni Morrison (uma intelectual e romancista negra norte americana, ganhadora de diversos prêmios, inclusive um nobel de literatura), destacou que seu livro Cantares de Salomão era “uma versão piorada de Por quem os sinos dobram, de Hemingway”. O comentário do tal colega parecia manifestar uma preocupação recorrente de que escritoras e pensadoras - negras, nesse caso - são imitações baratas de ‘grandes’ homens brancos. O incidente revelava, como salienta bell hooks, o medo profundo de que “qualquer descentralização das civilizações ocidentais e do cânone do homem branco seja na realidade um ato de genocídio cultural”.


Assim ocorre frequentemente com as mulheres que integram o grupo das pioneiras da Sociologia: como a “descoberta” dos seus trabalhos é muito recente, tudo o que disseram aparece como algo requentado, como “imitações baratas” dos verdadeiros e primeiros sociólogos, os tais “grandes homens brancos”.


A ideia de que a sociologia deve sua existência ao intelecto de grandes e geniais homens como Marx, Weber e Durkheim, tem sido recentemente questionada pelas pesquisas de diversas acadêmicas feministas. A vida e a obra de sociólogas pioneiras, como Harriet Martineau, Anna Julia Cooper, Marianne Weber, Flora Tristan, Mary Wollstonecraft entre outras, tem sido objeto de um lento, porém consistente trabalho de análises, tradução e difusão.


Os desafios encontrados nesse caminho são de várias ordens, mas um chama particularmente atenção: o modo como no trabalho de recuperação da produção intelectual feminina o lugar que é reservado às mulheres é sempre tensionado e referendado pela produção masculina e pela capacidade das escritoras de se aproximarem ou superarem algum escritor homem; seu mérito é medido tendo como referência se tal autora foi além, aquém ou se imitou/copiou algum autor mais confirmado e estabelecido, mais “sério” e criterioso. Neste sentido, sua legitimidade é concedida na medida em que se aproximam ou que ecoam as vozes dos “grandes homens brancos”.


Se entendemos a sociologia como o desenvolvimento sistemático de uma consciência da sociedade e das relações sociais, como sugere a socióloga canadense Dorothy Smith, ou como uma forma criativa e sistemática de pensar sobre as origens e a natureza da modernidade emergente, como sugerem Alatas e Sinha, percebemos que o cânone sociológico clássico foi construído de maneira extremamente limitada, por negligenciar, entre outros fatores, o impacto nas relações sociais da articulação de múltiplas diferenças e desigualdades (Piscitelli, 2008).


Ao partimos desse pressuposto, a primeira observação é que não é possível pesquisar um fenômeno histórico, seja ele qual for, onde não haja relações íntimas, recíprocas e contraditórias (McClintock, 2010) entre categorias como raça, gênero, classe, nação etc. Isto é, não é mais possível continuarmos reproduzindo uma abordagem dos estudos pioneiros da sociologia que não leve em consideração essas dimensões constitutivas dos fenômenos sociais. Como nos lembra Anne McClintock, em Couro Imperial, “nenhuma categoria social existe em isolamento privilegiado; cada uma existe numa relação social com outras categorias, ainda que de modos desiguais e contraditórios” (2010: p.27). Entendemos, assim, que não é possível compreender as especificidades das relações de gênero sem considerá-las em articulação com outras categorias de produção de diferenças.


Neste sentido, a despeito da presença significativa das mulheres nos processos de elaboração e desenvolvimento da sociologia, assim como de outras ciências, o que nos interessa aqui são os processos e os movimentos históricos que definem quais são as contribuições válidas para a composição de um corpo de conhecimentos científicos. O que podemos notar, ao empreender uma abordagem crítica do cânone sociológico, é um processo ativo de apagamento e negação das contribuições não apenas de mulheres, mas de povos colonizados, escravizados e não ocidentais.


Falamos em “apagamento” e não em “invisibilização” pois os dois termos carregam uma distinção fundamental. Quando tratamos de sociólogas e/ou pensadoras que ficaram excluídas da história da disciplina, [isto é, não tiveram a oportunidade de ser lidas pelas gerações seguintes] não estamos nos referindo a mulheres que foram consideradas insignificantes em determinado contexto, sendo “invisíveis” aos olhos de seus pares ou cuja produção intelectual tenha passado despercebida na cena literária, mas de mulheres que eram figuras públicas, escreviam em jornais de grande circulação, publicavam livros, eram lidas e participavam sistematicamente dos debates políticos de sua época, mas sobre as quais os registros, no entanto, foram apagados e excluídos das narrativas oficiais da produção do conhecimento.


Acredito que tal é o caso de muitas intelectuais pioneiras no pensamento feminista. Como exemplo, contudo, comento um pouco mais da militante socialista Flora Tristan (1803-1844), sobre a qual realizo minha pesquisa de doutorado. Nascida na França pós-revolucionária, filha de um peruano e uma francesa, Tristan esteve imersa no incipiente debate que surgia na Europa nas primeiras décadas do século XIX ao redor das ideias socialistas e feministas, no qual ela viria a ter papel de destaque com a publicação de panfletos, artigos de jornais, romances e manifestos políticos. Por ser filha bastarda e mulher separada, sua trajetória de vida foi marcada por um constante deslocamento em relação aos padrões de gênero e feminilidade vigentes na sociedade francesa, que, através do Código Civil Napoleônico, secularizou uma série de normas patriarcais como a revogação do divórcio e a proibição de que as mulheres casadas viajassem sozinhas.



A obra de Tristan, tão breve quanto sua própria vida, se concentra entre os anos de 1835, quando publica seu primeiro folheto Necessidade de acolher bem as mulheres estrangeiras, e 1844, ano de sua morte, quando o livro União Operária já estava na segunda edição. Sua produção intelectual parece seguir um fio condutor que parte do compromisso com a luta pela igualdade das mulheres perante a lei até o fim da exploração da classe operária, entendida sempre a partir de suas especificidades de gênero.


Em União operária, de 1843, Tristan já proclamava o princípio da auto emancipação dos trabalhadores e a necessidade de uma “união universal dos operários e operárias”. Como salienta Eleni Varikas (2016: p.10), “o projeto da união operária é duplamente universal: por seu internacionalismo e pela inclusão das mulheres operárias, em geral esquecidas das primeiras tentativas de organização dos trabalhadores”. Duplamente universal, porém eurocêntrico: sua noção de universalidade, assim como a do iluminismo francês, é uma universalidade confinada ao perímetro de uma geografia imaginada da Europa Ocidental. A tentativa de inserir o feminismo como tema prioritário no socialismo emergente configura, a despeito disso, um dos pontos mais inovadores da produção de Tristan.


Estes fatores, no entanto, não explicam por si só por que sua obra tem um valor sociológico, ou porque estamos aqui reivindicando que ela seja lida como um conhecimento pioneiro da sociologia. Ainda que tenha sido uma personagem marcante em sua época, tanto por suas ideias como por seus dramas pessoais, a ideia aqui é evitar incorrer numa abordagem que enquadre a autora na lógica da excepcionalidade, seja como atributo natural, seja como categoria analítica apropriada à representação de suas ações (Maia, 2016).


A noção de excepcionalidade, segundo Ludmila de Souza Maia (2016) em sua tese sobre Nísia Floresta, foi muito empregada no século XIX para explicar a experiência de mulheres, que, de alguma maneira, se projetaram socialmente em domínios considerados masculinos, como a ciência e a literatura. A recusa dessa categoria se baseia na percepção que seu emprego reforça a associação feminina à domesticidade, ao lar e às tarefas do âmbito privado. A marcação de “excepcional” sugere que as mulheres intelectuais são um desvio na norma. Assim, nosso esforço caminha no sentido de historicizar essas experiências a fim de perceber que elas compõem um mosaico de trajetórias que integram uma geração de militantes e pensadoras que, apesar de compartilharem ideais libertários, se apropriaram deles de maneiras particulares.


Isto dito, a proposta aqui é apresentar algumas chaves de interpretação, de intuições sociológicas, que a obra de Tristan nos fornece e que a caracterizam, a meu ver, como uma “clássica”, por continuar nos interpelando no presente.


MULHERES E(M) DESLOCAMENTOS


Se lançarmos um olhar para os estudos contemporâneos sobre deslocamentos humanos, veremos que o tema do acolhimento de exilados/migrantes/refugiados (pessoas em trânsito) é da maior atualidade e a rejeição aos “outros” tem sido o principal pretexto para a escalada da direita no mundo ocidental. A preocupação com as mobilidades não é um mero diletantismo acadêmico, tratando-se de uma questão candente e que encontra ressonância no primeiro texto publicado por Flora em 1835, o que faz dela uma pioneira no assunto.


A figura do “estrangeiro” já recebeu atenção no texto clássico de Simmel (O estrangeiro, de 1908), onde o autor alemão elabora uma reflexão sobre essa figura estranha que, perpassada por uma série de tensões e ambiguidades, parece embaralhar as noções de movimento e permanência, viagem e fixação. A sensibilidade para perceber as tramas de relações nas quais a figura do estrangeiro está enredada, não é capaz, contudo, de fugir de uma visão monolítica do estrangeiro, que ainda hoje o concebe como um homem em deslocamento motivado por questões comerciais ou financeiras.


Em Necessidade de acolher bem as mulheres estrangeiras, Tristan elabora uma análise sobre a recepção e o tratamento de mulheres estrangeiras na França que representa uma reflexão sistemática sobre o fenômeno das mobilidades transnacionais e suas consequências a partir de uma perspectiva de gênero. No breve texto, a autora aborda a situação particular das mulheres que viajam sozinhas, seja dentro dos limites nacionais ou fora deles. Por ter tido uma vida marcada por diversos trânsitos, a autora percebeu muito cedo as restrições e dificuldades encontradas pelas mulheres quando se tratava de seu livre deslocamento, considerado, à época, ilegítimo.


Em sua reflexão sobre a situação das mulheres estrangeiras, Tristan busca representá-las em sua chegada à Paris, por ser uma capital “grande e populosa, centro de civilização”. Sob a categoria ‘estrangeira’ a intelectual engloba todas aquelas mulheres que não pertencem a nenhum lugar, que não têm um lugar fixo [no mundo], que deixaram, sozinhas, seus locais de origem, sejam francesas ou não, estejam de passagem ou em busca de fixar-se na cidade.


O panfleto se inicia com algumas observações de caráter mais geral, onde despontam elementos que vão permear seus escritos posteriores, como a sensibilidade voltada para a questão das mulheres associada aos princípios de cunho socialista de solidariedade, união e livre associação. Em seu estilo próprio, que mescla componentes políticos, religiosos e sentimentais, a autora vai desenvolver uma tipologia das mulheres em deslocamento, composta por três grupos: o 1º grupo seria das viajantes “culturais”, se referindo àquelas mulheres que viajavam sozinhas por prazer e para se instruir, se cultivar - nessa classe se encontrariam as mulheres mais distintas de Paris; o 2º grupo é constituído por aquelas que viajam à Paris levadas por questões comerciais, processos judiciais ou outros negócios do gênero. Assim como as primeiras, elas não possuem ninguém que possa guiá-las na cidade e são obrigadas a confiar seus interesses a desconhecidos. A 3ª classe de mulheres, que formam o grupo mais interessante e numeroso segundo a autora, seria formada por aquelas mulheres que buscam refúgio nas multidões das grandes cidades para esconder seus infortúnios e vergonhas por terem, por diversas razões, fugido de seu país ou de suas famílias; é lá também que se escondem as mulheres separadas, proibidas de consumarem o divórcio e tratadas como criminosas por terem abandonado o domicílio conjugal. Não por acaso, o terceiro grupo, onde “parecem se reunir todas as dores”, é composto por estrangeiras desprovidas de recursos financeiros:


A jovem enganada não teria sido abandonada, se fosse rica; a Estrangeira caluniada não teria sido forçada a abandonar seu país, se fosse rica: apenas são atacados os seres fracos e infelizes. Poucas mulheres ricas se encontram na necessidade de separar-se de seus maridos, por já viverem, desde o início, praticamente separadas deles. As estrangeiras de que falamos são quase sempre necessitadas e, muitas vezes, miseráveis (Tristan, 1988, tradução livre). [1]


A distinção entre três tipos de mulheres migrantes/em deslocamento aponta para uma percepção sobre o sujeito “mulher estrangeira” que é produzido a partir da intersecção de diversas categorias. Longe de homogeneizar e fazer tábula rasa das mulheres e as razões de seu deslocamento, Tristan é capaz de perceber como, por exemplo, as diferenças de gênero, classe e nacionalidade impactam diferentemente nas trajetórias e nas formas de acolhimento e inserção das populações em movimento através de diversas fronteiras.


Neste sentido, sua preocupação se concentra na terceira classe de mulheres, aquelas que se colocam, ou são colocadas em movimento pelas engrenagens das múltiplas desigualdades, que reservam para uma enorme parcela de mulheres o desamparo da lei e a falta de recursos financeiros para exercerem sua autonomia.


Sua perplexidade frente a essa situação - que se liga à sua própria história como mulher estrangeira - não se limitou, no entanto, à constatação de um problema social sob uma perspectiva feminista, mas se traduziu em um concreto plano de ação que previa a criação de uma Sociedade para as Mulheres Estrangeiras. Pensada como uma associação de ajuda mútua, com estatuto de funcionamento e regras de comportamento próprias, [2] a Sociedade seria um lugar seguro para o acolhimento de mulheres estrangeiras em situação de necessidade nas grandes cidades.


O interessante da noção de “estrangeira” é que ela é elaborada extrapolando os limites do estado-nação. Como a autora desenvolverá nos escritos posteriores, “estrangeira” é toda mulher que não encontra laços de pertencimento em nenhuma parte, é sozinha e não há ninguém para ajudá-la ou acolhê-la. Essa mulher marginalizada pelos arranjos institucionais e normativos, junto a outras classes de oprimidos, é vista como pária da sociedade.


Neste contexto, pária é uma noção que se refere a uma nova forma de sociabilidade - e não a um estatuto jurídico - vivenciada por aquelas que ficaram excluídas, banidas, rejeitadas e desencantadas por não terem sido incluídas na humanidade “universal” prometida pela Revolução Francesa. [3] Como escreveu Tristan em mais de uma oportunidade, as mulheres ainda estavam esperando “soar o seu 89”.


Enquanto categoria sociológica, a figura da pária, no entanto, não se relaciona apenas à exclusão política e social. Sua dimensão subjetiva é estreitamente ligada à abjeção, à rejeição, à suspeita sobre sua plena e completa humanidade. Ao assumir-se como pária, a autora cria uma estratégia retórica que a permite se apresentar como defensora de todas aquelas que, como ela, se encontravam deslocadas pelos marcos legais ou pelas condições sociais.


Nos estudos atuais sobre mobilidades, uma das questões centrais levantadas pela migração de mulheres é o grau no qual elas experienciam um declínio ou aumento em sua posição social através da migração. Guardadas as devidas proporções relativas ao contexto, o que Flora observou na primeira metade do século XIX era justamente que as mulheres pobres e sem recursos eram párias em qualquer lugar do mundo[transnacionalmente]; seriam sempre estrangeiras, mesmo em sua própria terra.


Se olharmos para os enormes fluxos de deslocamentos transnacionais de mulheres, para o número cada vez maior de mulheres encarceradas em prisões ou abrigos fora de seus locais de origem, seja pelo envolvimento no mercado de drogas ou sexo, seja apenas pela mera condição de estrangeiras - ou migrantes - percebemos como o texto de Tristan lança as bases para se pensar o atravessamento das questões de gênero nos estudos migratórios, apontando para o rendimento analítico do uso de categorias interseccionais para uma abordagem mais ampla dos fenômenos contemporâneos.


POR QUE PIONEIRA NAS CIÊNCIAS SOCIAIS?


Desenho de Nathalia Servadio. Campinas, 2019


Ao fim e ao cabo, a recuperação da obra de Flora Tristan não se deve apenas à questão dela ser mulher ou de ter sido uma potencial socióloga, mas ao fato de que esta autora produziu conhecimento relevante sobre relações sociais e sobre temas que ainda hoje são caros aos estudos desenvolvidos nas ciências sociais. A tentativa aqui não é tentar estabelecer novos critérios para realocar e decidir quem merece ou não compor o tal cânone clássico da sociologia. O debate, nesse sentido, é menos sobre a sociologia e mais sobre a imaginação sociológica, uma vez que ler a produção de/sobre mulheres altera nossa percepção e imaginação sobre o mundo e as relações de poder vigentes.


Quando no início do texto falamos sobre o apagamento e o esquecimento da produção intelectual de escritoras mulheres, nos referíamos também à dimensão da circulação de ideias. Se obter acesso aos escritos de autoras como Flora Tristan constitui, por si só, um desafio, poder lê-la em português é um desafio ainda maior. É, portanto, imprescindível falarmos da importância das políticas de tradução, que facilitem o acesso às escritoras mulheres, para que nossas referências intelectuais se diversifiquem cada vez mais e não se restrinjam a especialistas versados em vários idiomas.


A presença cada vez mais consolidada de uma crítica feminista nos debates contemporâneos mais amplos está sem dúvidas relacionada a uma onda de traduções, ainda que não se resuma a elas. No final do primeiro capítulo de Um teto todo seu, Virginia Woolf, imaginando todos os livros reunidos na biblioteca onde foi impedida de entrar por ser uma mulher desacompanhada, pondera “como é desagradável ficar presa do lado de fora”; mas conclui que “talvez seja pior ficar presa do lado de dentro” (Woolf, 2014: p.39). Longe de querer trancafiar Flora Tristan do lado de dentro da biblioteca, nosso intuito, ao resgatá-la, é produzir um conhecimento engajado que contribua para a circulação da teoria feminista, e que, em última instância, destranque as portas das bibliotecas.


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* Esse texto foi apresentado no 19º Congresso da Sociedade Brasileira de Sociologia, na mesa redonda “Gênero e Conhecimento”, em julho de 2019. Agradeço a Bila Sorj e Verônica Toste pelo convite.


** Agradeço a Marcia Rangel Candido pela edição.



NOTAS


[1] “[...] car la jeune fille trompée n’eût pas été abandonnée, si elle eût été riche, l’Etrangère calomniée n’eût pas été forcée d’abandonner son pays si elle eût été riche: on ne trompe et n’attaque jamais que les faibles et les malheureux. Très peu de femmes riches se trouvent dans la cruelle nécessité de se séparer d’avec leur mari, par l’habitude qu’elles ont d’en vivre presque séparées dès le commencement. Or, ces étrangères se trouvent presque toujours dans le besoin, et souvent même dans la misère”. (Tristan, 1988 [1835], p. 62).


[2] O “Estatuto da Sociedade para as Estrangeiras” é descrito em minúcias ao final de Necessidade de acolher bem as mulheres estrangeiras, desde a cor do uniforme a ser usado, às eventuais festas beneficentes.


[3] Eleni Varikas faz um brilhante estudo sobre as promessas não cumpridas da Revolução Francesa a partir da genealogia da categoria “pária” e de como ela passou a ser utilizada no século XIX como metáfora para diversas formas de exclusão. Ver Varikas, 2014.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ALATAS, Syed Farid; SINHA, Vineeta. Sociological Theory Beyond the Cannon. Londres: Palgrave Macmillan, 2017.


GAVIRIA, Luz Gabrie1a Arango; PINILLA, Giovana Arias. “En busca de las sociólogas fundadoras: Marianne Weber”. In: Revista Colombiana de Sociologia, n. 26, 2006. pp 193-204.


HOOKS, bell. Ensinando a transgredir - A educação como prática da liberdade. São Paulo: Martins Fontes Editora, 2017.


MADOO LENGERMANN, Patricia e NIEBRUGGE-BRANTLEY, Jill. The Women Founders. Sociology and Social Theory 1830-1930. Estados Unidos: McGraw Hil, 1998.


MAIA, Ludmila de Souza. Viajantes de saias: gênero, literatura e viagem em Adèle Toussaint-Samson e Nísia Floresta (Europa e Brasil, século XIX). Tese de Doutorado defendida no Programa de Pós Graduação em História Social da Unicamp. Campinas, São Paulo, 2016.


McCLINTOCK, Anne. Couro Imperial. Campinas: Editora da Unicamp, 2010.


MISERES, Vanesa. Mujeres en tránsito: Viaje, identidad y escritura en Sudamérica (1830-1910). Chapel Hill: The University of North Carolina Press, 2017.


PISCITELLI, Adriana. “Interseccionalidades, categorias de articulação e experiências de migrantes brasileiras”. Sociedade e Cultura, 11(2), 2008.


TRISTAN, Flora. [1835] Nécessité de faire un bon accueil aux femmes étrangères. Paris: L’Harmattan, 1988.

______________ [1837] Peregrinações de uma pária. Tradução Maria Nilda Pessoa, Paula Berinson. Florianópolis: Ed. Mulheres; Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2000.

______________.[1840] Paseos en Londres. Biblioteca Virtual Universal, 2003. (acesso em 16/08/17: http://www.biblioteca.org.ar/libros/89975.pdf )

______________.[1844] União operária. Rio de Janeiro: Editora Fundação Perseu Abramo, 2016.


VARIKAS, Eleni. A escória do mundo - figuras do pária. São Paulo: Editora Unesp, 2014.


WOOLF, Virginia. Um teto todo seu. São Paulo: Tordesilhas, 2014.


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Luna Ribeiro Campos é professora de Sociologia do CEFET-RJ e doutoranda no Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais da UNICAMP. Vinculada ao Núcleo de Estudos de Gênero - Pagu, desenvolve atualmente uma pesquisa sobre a trajetória de Flora Tristan.

e-mail: lunaribeirocampos@gmail.com

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Editora responsável: Marcia Rangel Candido

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