MARIELLE, PRESENTE! UMA GALERIA-MEMÓRIA por 121 dias sem respostas
Ilustração da artista Fran Junqueira
MARIELLE, PRESENTE! - Manifesto Rosa de Luta | SOBRE ELAS |
Direção e fotografia: Emy Lobo
Iluminação e câmera adicional: Bia Marques
Ass. de Direção: Larissa Munck
Produção: Jéssica Menezes
Performance: Rosa de Sangue Movimento Artístico
Poemas "Terra Fértil" e "Rosa de Sangue": Carolina Rocha/Dandara Suburbana
Vozes: Ana Ghetti, Carolina Rocha, Emy Lobo, Karla Suarez, Larissa Munck, Morena Mariah e Rakel Cogliatti
Agradecimentos: Ação da Cidadania e Projetação
Terra Fértil
Por Carolina Rocha/Dandara Suburbana
Gritaram-me louca, agressiva, petulante e metida a sabida!
Xingaram-me pelo que era, pelo que sou e pelo que ousaria ser.
Entregaram-me de bandeja ao escárnio, ao medo e a renúncia.
Impediram-me, muitas vezes, de chegar mais longe, de ir além.
Trancafiaram-me em seus porões, escuros e úmidos, e me chamaram de suja,
Porque a sujeira é preta, e preta é a minha cor.
Desejaram meu fim.
Puseram as mãos cheias de espinhos no meu Orí.
Sangraram a minha cabaça, sagrada existência, enfim.
Decretaram meu fim.
Apodreceram as raízes firmes do meu Baobá e esperaram para me ver cair.
Derrubaram-me na terra.
Corpo estendido, machucado e partido.
Desintegrada, fui adubo, esterco e caminho.
Não desapareci.
Alimentei o solo com minha carne e dei frutos.
Uma geração de mulheres, múltiplas e muitas, pretas, brancas, indígenas, lésbicas, trans, putas, bruxas, combativas
Erguidas a pedra, peito e pó, resiste em mim!
Rosas de Sangue
Por Carolina Rocha/Dandara Suburbana
Flores de sangue, esquecidas
Relembradas uma a uma nessas rimas
São mulheres, mães e filhas,
Reerguidas pela luta feminista.
PARA CRIANÇAS
Por Débora Thomé, autora de "50 brasileiras incríveis para conhecer antes de crescer":
Nas terras deste rio
Quando ainda havia um governo cruel
Nasceu uma menina
Que sonhava chegar o céu
Mari a chamavam
Os amigos das vielas
Brincando de boneca e pipa
Na maré, sua favela
Foi mãe bem jovem
Tão menina
Parou de estudar mas não desistiu
Sabia que ajudar o mundo era sua sina
Virou socióloga
Cuidando de quem mais precisava
Negros, mulheres e pobres
A elas se dedicava
Foi eleita vereadora
Amada por sua alegria
Esta voz poderosa
Muita gente temia
Mas nesta sanha de justiça
Neste desejo de fazer o bem
Um dia a maldade a calou
E fez silêncio
E choro
E dor
Mas ficou
A luta que ela lutou